Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Corrupção No Brasil

Com tantos casos vindo a conhecimento publico não podemos deixar de
reparar no descrédito dos brasileiros na política. E um dos principais
fatores desse descrédito é a corrupção generalizada, quase endêmica, em
todos os ramos das atividades política e econômica brasileiras.

Poderíamos supor que a corrupção do brasileiro vem do famoso jeito
malandro que tanto atribuem à conduta de nossos conterrâneos, mas não
seria isso um despautério? Todos os povos do mundo são corruptíveis.
Em condições de liberdade vemos ao longo dos tempos, e a história
comprova com fatos, povos inteiros que quebraram regras e leis se
tornando corruptos e sendo punidos posteriormente.

O que caracteriza uma corrupção brasileira é a falta de punição que
vemos por aqui. Já que em outros países do mundo a punição é severa e
eficiente, as pessoas ficam com muito mais receio de aplicar golpes e
burlar as leis sabendo que provavelmente irão para a cadeia.

Não podemos esquecer também que a origem desse processo corrupto
que vemos eclodir hoje vem de uma época remota que parece esquecida.
A época da ditadura militar brasileira. Durante cerca de vinte anos houve
um processo arraigado de implementação da corrupção no país.

Não sendo muito estranho que agora comece uma limpeza, já que os
resquícios ditatoriais estão se extinguido e com isso dando espaços para
ações de pessoas que estão em outro processo cultural que não aquele de
trinta anos atrás.

A corrupção não é brasileira, mas sim universal. O que temos é a falta de punição adequada para coagir tais atos e preveni-los. E com esse processo todo de cassações de mandatos esperamos que a corrupção possa diminuir e, enfim, daqui há algumas décadas possamos nos orgulhar de vivermos em um país menos corrupto.
>>>

O texto original foi publicado há algum tempo, essa parte que acrescento
vêm com o intuito de esclarecer pontos que ficaram superficiais na
primeira parte, já que pela estrutura de redação não poderiam mesmo
serem desenvolvidos.

O comentário abaixo do Marcelo Santos, inflamado e de consistência é
digno de pensamento. E por causa dele vim aqui para acrescentar
algumas pontuações que acho interessante ressaltar. Deixando claro que
todos os pontos escritos a partir de agora são de completo particularismo.
E se devem apenas ao meu ponto de vista da questão.

1) O Brasil é o país dos esquemas, dos artifícios gerais. São
mega-esquemas que se desenrolam ao longo de governos, ou décadas.
Esses esquemas são estruturados em uma falha humana, a falha moral.
Mas nem por isso esses esquemas existem somente porque existe a falha
humana. Um político pode ser honesto, creio que muitos são, mas em
meio a um sistema que não anda senão com essas peças já encaixadas,
que só precisam ser substituídas, nada conseguem fazer de modo
honesto. Temos de perceber que qualquer denúncia efetuada por
qualquer pessoa, nas mais altas instâncias de nossos poderes, será
dissolvida ao longo do caminho pela burocracia e pela proteção mútua de
colegas das casas. Então o lance seria mudar a burocracia? Infelizmente
para mudar algo assim há de se aprovar um projeto contra a vontade de
praticamente todos os que têm poder de voto. Política nada mais é que
jogo de interesses. Infelizmente, pela falha humana, defende melhor
seus interesses quem trabalha melhor com essa variante, e pessoas
honestas tendem a perder nesse campo.

2) Não adianta colocarmos pessoas honestas uma única vez no poder.
Temos que fazer isso durante algumas décadas consecutivamente. Aliado
a uma educação sólida de valores, coisa que não existe hoje em dia com
a falta (isso porque a determinação do MEC em suas Normas e Diretrizes
para o Ensino diz claramente que todo aluno deve terminar o ensino
Médio com noções de Sociologia e Filosofia) de ensino propriamente dito.
As escolas hoje são meras geradoras de informação, que os alunos têm
que decorar pedaços de cada matéria, sem ver um sentido para aquilo e
sem conseguir articular o pensamento entre elas. Não precisa-se de
pessoas honestas no poder, mas pessoas que além de honestas se sintam
intimidadas e partam para a ação em prol de mudar isso como único
objetivo de vida, o que pela própria natureza da coisa é muito difícil.

3) Nossa corrupção nos altos escalões nada mais é que o reflexo direto
de nossa mentalidade brasileira do jeitinho, da malandragem e da moral que é boa para o vizinho. Somos todos corruptos, damos dinheiro para o
guarda para aliviar nossa barra, compramos dvds e cds piratas no
camelô, somo coniventes com a extorsão de flanelinhas que cobram de
dois a cinco reais para "olhar" nossos carros em nossas ruas, etc.
Enquanto tivermos essa mentalidade, e enquanto essa mentalidade
continuar sendo passada de geração em geração a coisa não tem muito
rumo mesmo não.

4) Pelo fato de as escolas não incentivarem ninguém para o âmbito
político, pessoas de índole mais branda que poderiam lutar pelos
interesses mais claros e límpidos acabam se distanciando dessa realidade.
Política hoje é coisa pra corruptos. E se nós, que não nos vemos como
corruptos largamos de mão a política, só, realmente, o tipo de pessoa que
consegue se enquadrar por lá é que vai subir ao poder.

Enfim, são inúmeros fatores para a decorrência da corrupção e sua
manutenção. Ao tratar do problema muito me espanta quem assume uma
postura crítica efusiva e se põe como que cheio de idéias "simples" para
mudar o quadro nacional de corrupção. Creio que se fosse fácil, ou tão
fácil quanto esses gurus nos fazem crêr, alguém já teria feito. A
corrupção é a ponta de iceberg gélido e cruel. Nossa realidade é assim,
nós somos assim, ou somos coniventes com ela e isso diz tudo.

*Todos os créditos para:
leandroDiniz
Publicado no Recanto das Letras em 03/11/2005
Código do texto: T66866

Nenhum comentário:

Postar um comentário